Projeto Tamar: a maior experiência de preservação marinha

tartarugas no projeto Tamar
O projeto Tamar é um dos mais importantes do país | Foto: Pexels

O projeto Tamar é um dos principais programas de preservação de tartarugas e outros animais marinhos do litoral brasileiro. Assim, ele tem reconhecimento em todo o mundo e já salvou milhares de espécies desde que surgiu.

Qual a missão do projeto Tamar?

A Fundação Projeto Tamar atua no litoral do Brasil desde a década de 80 com a missão de promover a recuperação das tartarugas marinhas. Então, dentro dela ocorrem diversas ações como, por exemplo:

  • pesquisa; 
  • conservação; 
  • inclusão social.

É uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos e co-executora do PAN – Plano Nacional de Ação para a Conservação das Tartarugas Marinhas no Brasil do ICMBio/MMA.  Por isso, é a grande responsável por grande parte das ações previstas por esses órgãos.

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O projeto Tamar não possui fins lucrativos | Foto: Pexels

Onde se localiza e o que oferece?

Está presente em 23 localidades distribuídas em oito estados brasileiros, entre zonas costeiras e ilhas oceânicas. Dessa forma, você pode encontrar ações do projeto em locais como: 

  • Rio Grande do Norte; 
  • Pernambuco; 
  • Sergipe; 
  • Bahia; 
  • Espírito Santo; 
  • Rio de Janeiro; 
  • São Paulo;
  • Santa Catarina. 

Cada um desses locais desenvolve alguma etapa nas ações para preservação das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil. Além disso, o projeto Tamar também promove: 

  • atividades que envolvem a comunidade; 
  • inclusão social; 
  • sensibilização; 
  • educação ambiental; 
  • valorização da cultura local; 

Ele ainda consegue gerar oportunidades de trabalho e renda para as pessoas que moram nessas regiões. Isso porque, seus projetos tendem a se integrar com as comunidades locais.

Quais suas conquistas?

O resultado desse esforço contínuo já recebeu conquistas importantes como: 

  • recuperação das populações de tartarugas comprovadas; 
  • ampliação do conhecimento científico; 
  • sensibilização da sociedade;
  • apoio das comunidades litorâneas

Tudo isso fez com que as pessoas parassem com o uso direto das tartarugas e passassem a protegê-las. Dessa forma, hoje o programa é capaz de gerar recursos próprios para seguir com as suas ações.

Como é a pesquisa aplicada do projeto Tamar?

No projeto Tamar, se entende a história das tartarugas marinhas, que são famosas pela grande capacidade de migrar, com um ciclo de vida complexo e que dura muito tempo. Assim, ao longo da sua vida usam várias áreas nos oceanos. 

É fácil encontrar as fêmeas quando estão nas praias para depositar seus ninhos. Mas, quando elas partem de suas áreas de desova, vão para locais muito distantes, centenas ou milhares de quilômetros de distância. 

Como eles se comportam?

Seu comportamento ainda é um mistério para as pesquisas no mundo inteiro. Por isso, a maioria do que se sabe até agora se gerou ao observar as fêmeas adultas nas praias. No entanto, as outras fases de vida, como filhotes ou juvenis, se sabe muito pouco. 

Já quando o assunto é sobre os machos adultos, que nunca saem da água, há ainda mais perguntas que respostas, mesmo no projeto Tamar. Isso porque, acompanhar a sua rotina é um conceito muito complexo.

Como se identificam as tartarugas?

Para estudar as tartarugas marinhas o primeiro passo é conseguir identificá-las. Dessa forma, todos os seres que os pesquisadores encontram recebem uma marca metálica nas nadadeiras dianteiras para saber quem são. 

Nesta marca há um número e o endereço onde fica a Fundação Projeto Tamar (FPT). Então, por meio desse programa de marcação e captura, feito desde 1982, é possível estudar seu deslocamento, além de dados como:

  • taxas de crescimento;
  • hábitos por temporada; 
  • tempo de residência em áreas de alimentação. 

Desde a sua criação, o estudo investe em recursos humanos e materiais. Assim, isso serve para adquirir o maior conhecimento possível sobre a biologia e ecologia das tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil. 

Como se organizam as pesquisas?

Ao priorizar pesquisas aplicadas que resolvam aspectos práticos para conservar esses animais. Portanto, ao mesmo tempo, envolvem as comunidades da região nesse processo por meio da educação ambiental.

Quando se une o saber científico com a vivência dos pescadores, que já conhecem os animais, cria-se uma rede ampla de informação. Dessa forma, o projeto Tamar atua para a conservação marinha, ao mesmo tempo que alia ciência com pessoas.

Como se dividem os pesquisadores?

Quem faz o trabalho matinal de monitorar as praias são chamados de “tartarugueiros”. Assim, ao longo dos anos, muitas técnicas locais foram compartilhadas entre as equipes. 

Os pescadores ensinaram a localizar os ovos nos ninhos e outras características desse animal. Enquanto isso, os técnicos ensinam o alfabeto e protocolos para identificar a espécie e coletar o material, trocas que tornam o programa sustentável. 

Quais os valores do projeto Tamar?

Criar relações com as comunidades do litoral e retornar para elas o conhecimento que se gera, é um dos valores socioambientais do projeto Tamar. Portanto, não são só as tartarugas marinhas que se beneficiam, mas também os moradores locais e os pesquisadores. 

Aplicar o saber gerado na pesquisa feita enquanto se monitora as populações em prol da conservação é muito bom. Isso porque, os resultados positivos mostram evoluções em todas as áreas ao longo das últimas décadas. 

Conservação

Pela implementação do programa já dá para notar uma recuperação das populações. Mas, mesmo assim, não se tem garantias de que as espécies estejam livres da extinção, já que ainda há ameaças reais na questão da conservação das tartarugas marinhas e dos oceanos. 

Desde que o projeto Tamar surgiu, o litoral brasileiro mudou, a indústria da pesca cresceu e se modernizou, e muitas praias antes desertas estão urbanizadas. Por isso, até mesmo os fatores ambientais não são mais os mesmos ao considerar as mudanças climáticas e seus efeitos nos oceanos.

Qual atitude tomar para conservar?

Com esta visão da pesquisa aplicada à conservação, as primeiras ações da organização foram nas áreas de reprodução. Assim, na década de 80, eram as fêmeas e os seus ovos que estavam sob ameaça. Então, veja como saber o sexo da tartaruga aqui.

Para atuar nesse sentido, passou-se a monitorar e proteger os ninhos nas praias de desova, além de buscar saber mais sobre elas. Portanto, a partir da contagem dos ninhos nas praias a cada temporada reprodutiva que dá para saber se as populações crescem ou diminuem. 

Como o projeto Tamar descobre sobre o comportamento das tartarugas?

No breve período que saem da água para depositarem seus ninhos é a chance que os pesquisadores do projeto Tamar têm para coletar seus dados biológicos e assim aprender. Dessa forma, hoje, com o avanço das pesquisas genéticas e de isótopos, permite que se saiba muito sobre a vida dos animais a partir de um pedaço de seu tecido.

As fêmeas sobem à praia geralmente à noite, o que costuma ocorrer entre os meses de setembro a março, nas praias. No entanto, nas ilhas oceânicas, ele acontece entre janeiro e junho. 

Monitoramento

Cada trecho de praia é percorrido logo no início do dia por equipe treinada para identificar os ninhos. Assim, a intenção é registrar todas as atividades da noite anterior. 

As tartarugas são animais de ciclo longo de vida, o que faz o monitoramento de suas atividades só traz resultados se for feito ao longo de grandes períodos de observação. Isso porque, elas só atingem sua maturidade entre 15 e 30 anos. Por isso, após quatro décadas de: 

  • esforço de proteção; 
  • monitoramento;
  • pesquisa. 

O projeto Tamar tem cerca de duas gerações dos animais que já estão na sua fase adulta. Portanto, ao longo destes 40 anos, à medida que a ameaça da coleta dos ovos passou a diminuir, os ninhos puderam ficar nas praias. 

Estabilidade dos ninhos

Hoje, quase todos os ninhos monitorados pelo programa permanecem em seus locais originais de postura. No entanto, nas últimas décadas, em muitas praias houve um processo acelerado de urbanização que trouxe uma nova ameaça às tartarugas marinhas, a fotopoluição. 

Onde antes não havia nada além de natureza, hoje existem condomínios, hotéis e até mesmo portos de grande porte. Dessa forma, a ocupação costeira junto a pesca são as maiores ameaças atuais que as populações de tartarugas marinhas sofrem no Brasil.

Como prevenir a pesca?

Na fase de vida em que as tartarugas passam no mar, as pesquisas do projeto Tamar se voltam para entender as causas que as levam a ser capturadas na pesca. Então, os esforços se concentram em buscar meios para reduzir essa captura. 

Para isso, monitorar as capturas incidentais é feito por meio de parcerias com pescadores locais ou instituições. Assim, dá para se monitorar a longo prazo os animais pescados em marinhas. Por isso, a pesquisa sobre esses tipos de captura revela dados cruciais, como: 

  • tendências populacionais;
  • fase de vida mais impactada pela captura; 
  • tempo de residência na área;
  • identificação de áreas de alimentação.  

Em alguns locais, as condições de estudo das tartarugas nesta fase de vida são excepcionais. Por exemplo, na ilha de Fernando de Noronha, onde a organização desenvolve há anos o programa de marcação e recaptura, por meio de mergulho livre ou autônomo. 

Quais os resultados da pesquisa?

A partir dessa atividade, se levantou a taxa de crescimento das tartarugas, como elas se comportam e a interação com outras espécies. Além disso, dá para conhecer o ciclo de fidelidade ao sítio de alimentação, rotas de migração e outros comportamentos.

Como os dados são obtidos?

O projeto Tamar tem muito trabalho e custos para estudar tartarugas no mar, o que requer um monitoramento quase todo realizado no mar. Por isso, muitas vezes se une às atividades pesqueiras, com os técnicos embarcados. 

Há também a troca de conhecimento entre pesquisadores e pescadores. Dessa forma, se orienta eles a salvar as tartarugas que ficam presas nas redes de espera, cercos, currais e outros petrechos de pesca. Além disso, ensina como alimentar tartarugas e cuidar até a sua devolução.

Como é a prestação de serviço do projeto Tamar?

O projeto Tamar atua para monitorar as ocorrências das tartarugas marinhas, protegê-las e mitigar as suas muitas ameaças. Então, aplica um método de trabalho que reúne ações integradas: 

  • pesquisa científica; 
  • conservação;
  • manejo; 
  • sensibilização; 
  • envolvimento comunitário;
  • educação ambiental. 

Estas ações ocorrem em consonância com as metas e finalidades estatutárias da Fundação. Por isso, a sua intenção também é prestar serviços às entidades estaduais ou de empresas, mediante convênio a título gratuito ou remunerado.

A prestação de serviços é uma das formas de captar recursos para viabilizar e manter os objetivos institucionais. Por isso, estes recursos são todos direcionados à pesquisa, conservação das tartarugas marinhas e aos programas socioambientais.

Interação com a pesca

O Projeto Tamar iniciou a proteção das tartarugas marinhas em terra, nas áreas de desova, na década de 80. No entanto, a partir dos anos 90, criou as primeiras bases de pesquisa em áreas de alimentação e começou a trabalhar de forma mais intensa com a captura incidental de tartarugas nos diferentes tipos de pesca. 

No final da década, a atividade já era apontada internacionalmente como a maior ameaça aos animais. Então, os pesquisadores buscam compreender cada vez mais o impacto desta prática para propor formas de a minimizar.

Em 2001, iniciou o Programa Interação Tartarugas Marinhas e Pesca, com o objetivo maior de reduzir a captura e a morte. Dessa forma, ao longo de mais de 20 anos de existência, ele caracterizou as principais pescarias que interagem com os animais nos portos e atracadouros. 

Pesquisa

Ao monitorar as pescarias, foi possível desenvolver pesquisas que marcavam as tartarugas capturadas e entender sua genética e outros fatores. Assim, também se realizou experimentos para identificar medidas para reduzir esses acidentes.

Capacitação

O projeto Tamar também capacitou pescadores e quem está no navio para manejar de modo correto as tartarugas capturadas. Portanto, podem as reanimar e usar de modo correto os desenganchadores de anzol e os cortadores de linha, ferramentas criadas para liberá-las.

Com os dados obtidos a partir dessas práticas obtiveram-se informações cruciais para a conservação dos animais. Então, hoje essas pesquisas são divulgadas em: 

  • artigos científicos; 
  • reuniões; 
  • trabalhos de conclusão de curso; 
  • teses de mestrado;
  • dissertações de doutorado.

O que apoia a participação de pesquisadores da Fundação Projeto Tamar em fóruns de discussões governamentais e nas que não são. Por isso, hoje o programa tem renome internacional e contribui para em várias esferas para proteger as tartarugas marinhas. 

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O projeto Tamar é a maior ação de preservação de tartarugas no Brasil | Foto: Pexels

Como o projeto Tamar impacta a Inclusão social?

O projeto Tamar tem como um de seus pilares a sustentabilidade e a interação constante com as comunidades costeiras onde atua. Isso porque, desde o início, ele entendeu que é preciso cuidar das pessoas, para promover uma transformação de hábitos e assegurar a proteção das tartarugas marinhas. 

Ao somar o conhecimento tradicional das comunidades com os estudos feitos pelos pesquisadores se amplia de forma significativa a eficiência das ações realizadas. Por isso, as populações locais são essenciais no processo.


Fonte: Tamar, Wikipedia e IEMA.

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