Talvez você não conheça o termo lipidose hepática felina, mas pode já ter ouvido alguém falar sobre a “síndrome do fígado gordo felino”. Esse é um problema muito sério e comum em gatos, e por isso merece muita atenção dos tutores.
Continue acompanhando o artigo para saber mais sobre essa condição dos felinos!
O que é a lipidose hepática felina?
A lipidose hepática felina, ou LHF, é uma condição bastante comum na clínica veterinária. Apesar de não se saber, ao certo, os mecanismos fisiopatológicos do problema, o que ocorre é um desequilíbrio ocasionado pelo influxo de ácidos graxos da reserva periférica para o fígado.
Dessa maneira, os hepatócitos ficam sobrecarregados e não são capazes de exercer suas funções biológicas, como formação e excreção da bile e secreção de lipoproteínas plasmáticas. Portanto, a LHF pode gerar disfunção hepática grave, ou até mesmo morte.
Essa é uma condição muito comum em gatos, especificamente, pois acredita-se que eles possuem uma predisposição a acúmulo de triglicerídeos, o que é mais brando em cães, por exemplo.
Sendo assim, a lipidose hepática felina pode ser extremamente perigosa e fatal, pois desequilibra a homeostase do organismo. Além disso, vale lembrar que existem a LHF primária e a secundária, que diferem no que diz respeito à causa.
A lipidose hepática felina, também conhecida como lipidose idiopática, é causada por um período de privação, que pode ser de 2 a 3 dias. Geralmente acontece em gatos obesos que passam por um período de desnutrição.
A partir disso ocorre uma necessidade de energia no organismo. Por consequência da desnutrição, toda a reserva de glicogênio hepático é consumida, e os ácidos graxos são recrutados para o fígado, para que ocorra a beta-oxidação, e, assim, a produção de ATP.
Já a lipidose hepática felina secundária ocorre devido a uma doença pré-existente, como diabetes mellitus, pancreatite, hipotireoidismo e hiperlipidemia, por exemplo.
Quais são os sintomas da lipidose hepática felina?
É importante destacar que essa condição ocorre, quase sempre, com um prévio quadro de anorexia. Os gatos deixam de comer por um tempo que pode variar de 2 a 3 dias, e então a lipidose hepática se desenvolve.
Alguns sintomas podem ser observados, e o principal deles é a icterícia, que ocorre pela grande quantidade de bilirrubina no sangue. Ela se acumula nos tecidos devido a incapacidade dos hepatócitos em conjugá-la para eliminá-la no intestino delgado, pela bile.
Dessa maneira, é muito comum que os tutores observem a pele e os olhos dos peludinhos amarelados. Além disso, vômito, diarreia, desidratação e cansaço também são notados.
O diagnóstico e a prevenção do problema
Em relação ao diagnóstico da lipidose hepática felina, ele pode ser feito por meio do histórico clínico do paciente. Se for um gato com quadro prévio de anorexia, por privação alimentar ou por uma doença pré-existente, a possibilidade de LH deve ser analisada.
Além disso, é muito comum que o quadro se desenvolva em gatos obesos que foram submetidos a uma dieta severa para perda de peso. Outro ponto a ser levado em consideração é a diabetes mellitus.
Isso porque na diabetes mellitus o hormônio insulina não é produzido de maneira suficiente; sendo assim, o lipase hormônio sensível promove a lipólise do triacilglicerol nos tecidos.
Isso mobiliza os ácidos graxos para o fígado, o que sobrecarrega os adipócitos e possibilita a lipidose hepática felina. Portanto, o médico veterinário deve estar atento a gatos que já desenvolveram a diabetes mellitus.
Para o diagnóstico por meio de exames, a ultrassonografia pode ser indicada, para constatar hepatomegalia e um possível aumento difuso da ecogenicidade hepática, o que indicaria um aumento de gordura no local.
Além disso, um exame bioquímico, no caso de lipidose hepática felina, apresentará um aumento de enzimas hepáticas, como GGT e ALT, indicando uma lesão hepática, mas isso não vai promover um diagnóstico preciso.
Sendo assim, o exame padrão ouro no diagnóstico de LHF é a biópsia hepática para análise histopatológica.
Prevenção
Dessa maneira, as formas de prevenção do quadro de LHF consistem em evitar grandes períodos de privação alimentar do gatinho, bem como seguir uma dieta recomendada pelo médico veterinário, que será adequada para o animal.
Além disso, evitar o desenvolvimento de doenças, como a diabetes mellitus e a hiperlipidemia também são maneiras de prevenir a lipidose hepática felina.
Como tratar a lipidose hepática felina
A principal forma de tratamento para a lipidose hepática felina consiste em repor líquidos e alimentos para reverter o estado catabólico do animal.
Sendo assim, uma sonda esofágica pode ser colocada no animal para sua alimentação, mas para isso é necessário sedação.
Portanto, se o estado de saúde do peludo não permitir esse procedimento, pode-se optar por uma sonda nasoesofágica. Isso porque o animal pode rejeitar a comida oferecida de maneira natural, e o resultado do tratamento será mais demorado.
É importante que sejam fornecidas proteínas para serem usadas como fonte de energia, e reverter o quadro de catabolismo promovido pela anorexia. Entretanto, em casos de encefalopatia hepática elas devem ser evitadas, pois vão piorar o quadro.
É comum haver hipocalemia na lipidose hepática felina devido a diarreias e vômitos, por isso a suplementação de potássio é necessária. Assim como de aminoácidos essenciais para os gatos, como taurina e arginina.
Conclusão
Como visto, a lipidose hepática felina é um quadro muito comum entre os gatos, que se desenvolve rápido, e é extremamente perigoso, podendo levar a óbito.
Sendo assim, é fundamental que os tutores fiquem atentos aos sintomas, e principalmente, às formas de prevenção da doença.
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Fontes: